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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Visita de Yoani Sánchez ao Brasil

Yoani foi hostilizada, por manifestantes, durante sua chegada em Recife
  

A Cubana foi proibida de deixar seu país por cinco anos. Em 2013, conseguiu uma autorização para visitar países em que recebeu prêmios ou tem interesses pessoais. No Brasil, Yoani Sanchéz ficou durante uma semana, entre os dias 18 e 25 de fevereiro. O principal motivo de sua visita foi sua participação no documentário do cineasta Dado Galvão, “Conexão Cuba-Honduras”. Esse direito só se tornou possível depois que o governo cubano emitiu, recentemente, novos procedimentos que provocam ainda certo retardamento na liberação de viagens internacionais aos cidadãos cubanos.
  Aproveitando a visita ao Brasil, Yoani participou de sessões de autógrafos de seu livro “De Cuba-com carinho”, também de debates e seminários, nos quais abordaram o tema Liberdade de Expressão. Porém, enfrentou diversos contratempos. Logo em seu desembarque em Recife, Yoani enfrentou manifestações de uma dezena de simpatizantes do regime cubano, alguns ligados à partidos de esquerda, exibiram cartazes e acusaram a cubana de ter ligação com a CIA. Já na Bahia, em Feira de Santana, onde seria lançado o documentário com participação dela, um outro pequeno contratempo, mais violento, conseguiu cancelar o evento. Nesse dia, Yoani teve até seu cabelo puxado por manifestantes, além de falsas notas de dólar agitadas e esfregadas em seu rosto. Sorridente e serena foi assim que Yoani participou de um debate público com a presença de manifestantes que a vaiavam. Em seu blog, ela falou sobre o episódio de Feira de Santana:

O piquete de extremistas que impediu a projeção do filme de Dado Galvão em Feira de Santana era algo mais do que uma soma de adeptos incondicionais do governo cubano [...] Repetiam um roteiro idêntico e guiado, sem ter a menor intenção de escutar a réplica que eu poderia lhes dar. Gritavam, interrompiam, num momento tornaram-se violentos e de vez em quando exibiam um coro de palavras de ordem dessas que já não são ditas nem em Cuba".Em sua visita ao Congresso Nacional, e na exibição do documentário “Conexão Cuba-Honduras”, viu alguns parlamentares de partidos de esquerda e da base aliada do governo protestarem contra ela. Porém, foi aplaudida por vários outros.
  E o saldo da visita de Yoani, não foi muito positivo, visto que alguns eventos foram cancelados devidos aos protestos de simpatizantes cubanos. E em meio às manifestações, Sánchez agradeceu e elogiou sua passagem pelo Brasil, e disse que aqui se vive uma verdadeira democracia.

Sobre Yoani Sánchez



Yoani Sánchez foi um dos principais assuntos na mídia nacional

  Yoani Sánchez Cordeiro Maria nasceu no Centro Habana, na cidade de Havana, no dia 4 de setembro de 1975. Formou-se em Filologia Hispânica na Faculdade de Letras e Artes, da Universidade de Havana. Porém, desistiu de ser filóloga e logo passou a trabalhar em uma editora voltada ao público infantil. Por motivos financeiros, largou o emprego na editora e decidiu ensinar a língua espanhola para turistas alemães. Em 2002, Yoani descobriu o computador quando, por motivos financeiros, foi para Suíça. Com isso viu nele uma nova profissão. Como citado por ela em seu blog “Eu vim e fiquei”. Em 2004, a cubana retornou ao seu país por motivos familiares, mesmo tendo perdido seu direito de retornar ao seu país por ter ficado mais de 11 meses fora. Para evitar a expulsão definitiva de Cuba, Sánchez destruiu seu passaporte.
  A blogueira já foi premiada diversas vezes por seus artigos e suas críticas sobre a situação social em Cuba sob o governo de Fidel Castro e de seu irmão e sucessor, Raúl Castro. Mas Yoani ficou conhecida internacionalmente pelo blog “Generación Y” – no português- Geração Y, fundado em 2007. Yoani relata que, em 2008, o governo cubano programou um sistema de filtragem de acesso que impedia que o blog fosse visto em Cuba. Atualmente, o blog é traduzido para 15 línguas. A revista Time inseriu Yoani em sua lista de “cem pessoas mais influentes de 2008”, dizendo que "debaixo do nariz de um regime que nunca tolerou dissensão, Sánchez exerce um direito não garantido aos jornalistas que trabalham com papel: liberdade de expressão".