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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A Conexão Cuba-Honduras

  A cubana Yoani Sánchez criou, em 2007, o blog “Generacion Y”. Desde então, passou a ser proibida de sair de Cuba pelo governo do país. Em 2012 foi anunciada a reforma da lei migratória, que permitiria cubanos a viajar sem ter que pedir a autorização de saída, a partir de janeiro de 2013.
  A vontade de viajar renasceu em Yoani, que teve mais de 20 pedidos negados ao longo dos últimos cinco anos. Depois de três tentativas frustrantes, Yoani colocou o Brasil como o primeiro país a visitar, por conta da mobilização promovida por Dado Galvão, o jovem documentarista, que ganhou páginas e sites de notícias ao redor do mundo. Tudo por se sensibilizar com a luta da blogueira. Vendo a dificuldade de a cubana sair de seu país, Galvão empenhou-se em trazê-la ao Brasil para o lançamento de seu documentário.
  Desde 2009, quando esteve na ilha filmando o documentário “Conexão Cuba Honduras”, Galvão empenhou-se, mobilizou políticos, teve pedidos frustrados, principalmente daqueles que não acharam conveniente abraçar uma causa que fosse tão delicada em relação ao governo de Cuba. Mas o documentarista, que se denomina militante, alcançou seu objetivo. Yoani desembarcou na segunda-feira (18/02/13) na cidade de Feira de Santana, na Bahia, para assistir ao documentário.
  Mesmo com críticas e tentativas para que desistisse, Galvão conseguiu ganhar repercussão e levou o assunto para a imprensa e, por meio do senador Eduardo Suplicy, ganhou voz também no Senado.
  O documentário com duração de 1h48min aborda, entre outros temas, a violação dos direitos humanos e da liberdade de expressão na ilha caribenha, a partir de casos como o da blogueira, do jornalista hondurenho Ésdras López, do movimento Damas de Branco, que também é do país de Fidel, e do senador Eduardo Suplicy (PT), que também é personagem do filme, por ser membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, tendo como protagonista a blogueira dissidente Yoani Sánchez, que foi entrevistada em Cuba por Dado Galvão. A partir desse dia, a blogueira chamou a atenção do cineasta, por narrar o cotidiano de Cuba, mesmo com toda dificuldade estrutural. Outra parte do documentário é dedicada aos flagrantes do golpe militar de 2009, em Honduras, com abordagem da invasão e retirada do ar do Canal 36, com o presidente Manuel Zelaya sendo deposto do cargo.
  Galvão tinha pouca liberdade em suas gravações em Cuba. Depois que fez as imagens das Damas de Branco, ele quase foi expulso. Teve então que decidir se iria seguir com o equipamento para Honduras, e assim se limitando, pois já tinham colocado alguém no pé do documentarista. Com isso, ele teve apenas a estratégia de fazer contatos e guardar tudo que tinha em arquivos, caso alguém ficasse com a câmera. Talvez essa fosse a maior dificuldade encontrada em meio de suas gravações.
  Galvão não só utilizou as redes sociais para se mobilizar, abrindo campanhas de vaquinhas eletrônicas, mas também as utilizando para responder suas críticas, lançadas por milhares de internautas contra sua atitude de querer a visita da blogueira no Brasil. O mesmo foi criticado e desencorajado por diversos e-mails neste sentido, mas sempre conseguiu manter um diálogo com as pessoas, dizendo que não é uma oportunidade para que Yoani seja somente paparicada, mas também questionada sobre todas as dúvidas relacionadas a ela. Sendo assim, Galvão foi mais ativista do que documentarista. E relata que a vinda de Yoani Sanchez ao Brasil, para ele, foi como se tivesse ganhado um Oscar.

 Maria Almeida


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